Anticoncepção é um assunto que gera muitas dúvidas não exclusivas à adolescência, mas compartilhada pelas mulheres em geral.
Há disponíveis no mercado diversos tipos de métodos anticoncepcionais, com diferentes vias de administração, tempo de duração, tipo de medicações e sem medicações (DIU e preservativos-camisinhas). Cada mulher irá se adaptar melhor a algum deles, e, por isso, é essencial ter conhecimento sobre os diferentes métodos e conversar com seu ginecologista para se informar e decidir qual a melhor opção, individualmente. Não há um melhor método para todas as mulheres.
Em geral, todos métodos anticoncepcionais podem ser usados por adolescentes. Alguns métodos, porém, podem não ser as melhores opções, por isso é de extrema importância a consulta com um ginecologista. O método que sua amiga usa nem sempre é melhor para você e ainda pode trazer alguma consequência. O médico irá avaliar sua saúde geral, ginecológica, e aspectos pessoais para excluir contraindicações (aqueles que você não pode usar) e orientar quais as opções seguras ao seu perfil. A escolha será realizada em conjunto.
O ideal é ter essa conversa antes de começar a ter relações. Alguns métodos necessitam ser administrados previamente para que se obtenha o efeito desejado. Usar preservativo para se proteger de infecções sexualmente transmissíveis e aumentar a eficácia do contraceptivo é outro ponto importante, chama-se a esse efeito, dupla proteção.
Os métodos anticoncepcionais disponíveis no Brasil são:
- Preservativo feminino e masculino: são as camisinhas. Os preservativos têm a vantagem de, além de evitar a gravidez indesejada, proteger contra grande parte das infecções sexualmente transmissíveis (sífilis, gonorréia, clamídia, hepatites B e C, HIV). Além disso, podem ser usados concomitantemente com outros métodos diminuindo ainda mais a chance de gravidez. É importante lembrar que não se pode usar preservativo masculino e feminino ao mesmo tempo.
Métodos Hormonais:
- Injetáveis: são injeções aplicadas no músculo uma vez ao mês ou a cada três meses, a depender do método escolhido. Com a injeção mensal, em geral, as mulheres mantêm a menstruação uma vez por mês. Com a injeção trimestral é comum ficar sem menstruar. A vantagem da injeção trimestral é que você somente precisará receber a injeção 4 vezes por ano.
- Pílulas: há pílulas com estrógeno e progesterona ou somente com progesterona. Algumas você toma durante 21 dias e para 7, outras você toma 24 dias e para 4 e outras toma todos os dias, sem pausa. Existem diferentes doses e tipos de hormônios aos quais se pode individualizar, para melhor adaptação, dependendo da situação de cada mulher ou menina. Há aquelas para quem quer menstruar e outras para quem não quer menstruar.
O principal risco é a perda do efeito da pílula pelo esquecimento de tomar diariamente. Exige disciplina. Também existem situações que pode ocorrer a diminuição da eficácia (uso concomitante de algumas medicações ( ex: anticonvulsivantes e estabilizadores do humor), ou porque teve episódios de diarreia e vômito intensos durante o uso.
- Anel vaginal: é um anel hormonal flexível que é colocado na vagina pela própria mulher. Ele não interfere nas relações sexuais e é retirado após 21 dias. Depois de 7 dias de intervalo, um novo anel deve ser colocado.
- Adesivos: os adesivos contêm hormônios que são liberados na pele e trocados a cada semana. São geralmente usados em áreas do corpo cobertas, longe das mamas e de áreas de dobra. Depois de usar três adesivos em seguida (três semanas), é feito um intervalo de uma semana para recomeçar o esquema.
-Implantes subcutâneos: o implante é um bastão menor que um palito de fósforo que é inserido pelo médico sob a pele do braço, após anestesia local. O efeito contraceptivo dura 3 anos e não é incomum as mulheres ficaram sem menstruar. Após o final desse período, o implante pode ser retirado e substituído por um novo.
Vantagens do uso dos métodos hormonais em geral:
Melhora a pele (acne e oleosidade), diminui a cólica menstrual, diminui o fluxo menstrual, pode-se optar por não menstruar ou menstruar de forma programada.
- DIUs: os dispositivos intrauterinos podem conter hormônio ou não. Eles são inseridos dentro do útero e, por isso, só podem ser usados por quem já teve relação sexual. Se você escolher o que tem hormônio, é provável que você fique sem menstruar. A duração da eficácia do DIU hormonal é 5 anos. O DIU de cobre, sem hormônios, tem duração de 10 anos (modelo TCu380A) e mantém os ciclos menstruais.
Qual é o método que tem menor chance de gravidez?
Os métodos contraceptivos atuais são altamente eficazes, com taxas de falha < 1%. Entretanto nenhum é 100% seguro, mesmo a laqueadura tubária e a vasectomia. Os preservativos isolados, tem falha de 2% a 16%. Sabe-se que quanto menos depender de atitude das pessoas menor a chance de falha do método. A pílula, que depende de você lembrar de tomar todos os dias, por exemplo, apresenta maior chance de falha que o DIU – que, depois de inserido, praticamente não depende mais da usuária.
Algum método é mais indicado para adolescentes?
Os estudos mostram que os métodos contraceptivos mais eficazes são os métodos reversíveis de longa duração (LARCs): DIUs e implante subcutâneo. Para os DIUs, a chance de gravidez é de 1 em cada 150 mulheres e para os implantes é ainda menor: 1 em cada 1000 mulheres.
Como todo contraceptivo apresenta alguma chance de falha e, considerando-se o risco de infecções sexualmente transmissíveis, recomenda-se a proteção dupla, ou seja, preservativo masculino OU feminino E um dos outros métodos descritos acima.
Na consulta médica, de posse das informações, você poderá escolher qual é o melhor para o seu momento. Se você não se adaptar, poderá rediscutir com seu médico sobre outras opções a qualquer momento.
Importante é tirar dúvidas e desmistificar o uso, pois há muitas informações errôneas, que descontextualizadas, confundem e criam crenças falsas, principalmente sobre possíveis malefícios. Em geral os métodos são muito seguros e eficazes. Entretanto apresentam algumas contraindicações e, portanto, necessitam de uma avaliação médica para garantir o uso adequado e seguro.
Outro assunto muito importante é a vergonha ou receio de ir ao médico por ser adolescente. Não é necessário ir com um responsável à consulta com o ginecologista. O que você e o médico conversarem é sigiloso, ninguém ficará sabendo. Isso é garantido pelo código de ética médica e pela lei. As unidades básicas de saúde distribuem preservativos, sem precisar ter consulta agendada, gratuitamente.
Para escolher seu método, busque informação e orientação médica e decida, na consulta, qual método usar.
Nunca é demais lembrar: use preservativo em todas as relações sexuais. Aumenta a eficácia do seu método anticoncepcional e protege, você e seu parceiro, de infecções sexualmente transmissíveis.
TABELA EFICÁCIA MÉTODOS CONTRACEPTIVOS-OMS/FEBRASGO