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Anticoncepção na Adolescência

• Você sabia que de acordo com os dados do IBGE/2017 houve 22.146 nascimentos no Brasil de mães entre 10 e 14 anos e 458.777 nascimentos de mães entre 15 e 19 anos? Isso representa pelo menos 1 nascimento de mãe adolescente a cada 1 minuto no Brasil!
• Você sabia que 9 de cada 10 partos ocorrem em países em desenvolvimento? (Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA,2019)
• Você sabia que 1 em cada 3 adolescentes brasileiras engravida novamente no 1º ano após o parto? (Viellas EF. Rev Bras Epidemiol. 2012; 15(3):443-54)
• Você sabia que em todo o mundo, a mortalidade perinatal é 50% maior nos filhos de mães com menos de 20 anos do que nas mães de 20 a 29 anos de idade? (Fall CH, Osmond C, Haazen DS, Sachdev HS, Victora C, Martorell R. Disadvantages of having an adolescent mother. Lancet Glob Health. 2016; 4(11):e787-88)

Por isso é muito importante levar a sério a anticoncepção na adolescência, pois várias garotas engravidam já nas primeiras relações sexuais.
Além de refletir se estão prontas para assumir esse compromisso, também é importante já terem sido vacinadas para o HPV (80% das mulheres não vacinadas terão contato com o vírus do HPV durante a vida, sendo o risco de contrair já na primeira relação de cerca de 50%).
Para quem não iniciou a atividade sexual, o ideal é ter essa conversa antes de começar a ter relações, já que é possível engravidar já na primeira relação sexual. Usar preservativo para se proteger de infecções sexualmente transmissíveis e aumentar a eficácia do contraceptivo é outro ponto importante para garantir dupla proteção. Nenhum método é 100% eficaz, e se mal usado, tem menor eficácia ainda. Como as infecções são muito comuns na adolescência, os métodos não são 100% e no início do uso do contraceptivo pode-se usá-los de forma imperfeita, a dupla proteção (Contraceptivo + camisinha) garante uma vida sexual mais planejada e mais saudável.
Hoje estão disponíveis no mercado diversos tipos de métodos anticoncepcionais, com diferentes vias de administração, tempo de duração e formulações. Cada mulher irá se adaptar melhor a algum deles, e, por isso, é essencial ter conhecimento sobre os diferentes métodos e conversar com seu ginecologista para fazer essa escolha.
Em geral, não há contraindicação a nenhum dos métodos anticoncepcionais para adolescentes, considerando-se apenas a idade. No entanto, algumas opções podem não ser as melhores para aquela paciente por suas necessidades clínicas. O método que sua amiga usa pode não ser o melhor para você e ainda pode trazer alguma consequência grave. O médico irá orientar também qual método anticoncepcional você não pode usar.
Os métodos anticoncepcionais disponíveis no Brasil são:
• Preservativo feminino e masculino: são as camisinhas. Os preservativos têm a vantagem de, além de evitar a gravidez indesejada, reduzir o risco de grande parte das infecções sexualmente transmissíveis se usado corretamente (todo o tempo e todas as relações). Além disso, podem ser usados concomitantemente com outros métodos diminuindo ainda mais a chance de gravidez. É importante lembrar que não se pode usar preservativo masculino e feminino ao mesmo tempo. Lembre-se que muitas DSTs passam de pele para pele, independentemente de haver ejaculação: HPV, herpes, molusco, sífilis, etc. Por isso, é importante usar a camisinha durante toda a relação sexual.

• Injetáveis: são injeções aplicadas no músculo uma vez ao mês ou a cada três meses, a depender do método escolhido. Com a injeção mensal, em geral, as mulheres mantêm a menstruação uma vez por mês. Com a injeção trimestral é comum ficar sem menstruar.

• Pílulas orais: há pílulas com estrógeno e progesterona ou somente com progesterona. Algumas você toma durante 21 dias e para 7, outras você toma 24 dias e para 4 e outras toma todos os dias, sem pausa. Há aquelas para quem quer menstruar e outras para quem não quer menstruar. O principal risco é a perda do efeito da pílula, ou porque esqueceu de tomar, ou porque tomou junto com alguma outra medicação que diminui seu efeito ou porque teve episódios de diarreia e vômito durante o uso. O atraso de mais de 12h implica em redução de eficácia.

• DIUs: os dispositivos intrauterinos podem conter hormônio ou não. Eles são inseridos dentro do útero e, por isso, só podem ser usados por quem já teve relação sexual vaginal. Se você escolher o que tem hormônio, é provável que você fique sem menstruar. A duração da eficácia do DIU hormonal é 5 anos. O DIU de cobre, sem hormônios, tem duração de 10 anos (modelo TCu380A, que é o disponível na rede básica de saúde) e mantém os ciclos menstruais.

• Anel vaginal: é um anel hormonal flexível que é colocado na vagina pela própria mulher. Ele não interfere nas relações sexuais e é retirado após 21 dias. Depois de 7 dias de intervalo, um novo anel deve ser colocado.

• Implantes subcutâneos: o implante contraceptivo composto de etonogestrel é um bastão do tamanho de um palito de fósforo que é inserido pelo médico sob a pele do braço, após anestesia local. O efeito contraceptivo dura 3 anos e não é incomum as mulheres ficaram sem menstruar. Após o final desse período, o implante pode ser retirado e substituído por um novo.

• Adesivos: os adesivos contêm hormônios que são liberados na pele e trocados a cada semana. São geralmente usados em áreas do corpo cobertas, longe das mamas e de áreas de dobra. Depois de usar três adesivos em seguida (três semanas), é feito um intervalo de uma semana para recomeçar o esquema.

Qual é o método que tem menor chance de gravidez?

Todos os métodos contraceptivos têm alguma chance de falha. Nenhum método é 100% seguro, nem mesmo laqueadura e vasectomia. Sabe-se, porém, que quanto menos depender de atitude das pessoas menor a chance de falha. A pílula, que depende de você lembrar de tomar todos os dias, por exemplo, apresenta maior chance de falha que o DIU – que, depois de inserido, praticamente não depende mais da usuária.
No dia à dia, os métodos reversíveis de longa ação denominados de LARCs tem eficácia superior por não depende do uso frequente pela usuária.
• DIU hormonal eficácia > 99%
• DIU de cobre eficácia > 97%
• Implante subcutâneo eficácia > 99%
• Métodos de curta duração (pílula, injeção, adesivo, anel) tem eficácia teórica de 99%, mas na prática, pelo mau uso pela usuária, a eficácia fica em torno de 90-92%.

E nas adolescentes?

As taxas de eficácia dos métodos de corta duração (pílula, injeção, adesivo, anel) tem piores resultados em adolescentes do que em adultas, mas os LARCs são igualmente eficazes em jovens e adultas.
Como todo contraceptivo apresenta chance de falha e, considerando-se o risco de infecções sexualmente transmissíveis, recomenda-se a proteção dupla, ou seja, preservativo masculino OU feminino E um dos outros métodos descritos acima.

Em geral, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) disponibilizam gratuitamente as pílulas, preservativos, DIU de cobre, injeções mensais e trimestrais. Na consulta médica, você pode decidir qual é o melhor método para você no momento. Se você não se adaptar, você pode discutir com seu médico sobre outras opções.

Outro assunto muito importante é a vergonha ou receio de ir ao médico por ser adolescente. Por isso é importante ir com antecedência ao ginecologista para poder planejar adequadamente essa contracepção que é tão importante para não entrar na estatística de altas taxas de gestação não planejada na adolescência.

Para escolher seu método, busque informação e orientação médica e decida, na consulta, qual método usar. Existem algumas contraindicações para cada método, por isso é necessária uma consulta médica prévia.

Trombose venosa profunda

A trombose é a obstrução de veias profundas e tem riscos à saúde. Mas convém também lembrar que o estrogênio da pílula pode aumentar de 2 a 4 x o risco de trombose, a qual é rara em adolescentes saudáveis, e a gestação e puerpério podem aumentar até 65 x o risco de trombose. Sendo assim, o risco de trombose é muito maior na gestação/puerpério do que o risco da pílula.

Nunca é demais lembrar: use preservativo em todas as relações sexuais. Ele aumenta a eficácia do seu método anticoncepcional e protege, você e seu parceiro, de infecções sexualmente transmissíveis.

Fontes: - https://www.who.int/reproductivehealth/publications/family_planning/en/